Por Ícaro Gomes
A estrela e o Cacique
O Parque Indígena do Xingu, localizado no norte de Mato Grosso, e divisa com o estado do Pará, foi idealizado pelos Irmãos Villas Boas – de um legado incrível a favor dos povos indígenas – e o projeto redigido pelo antropólogo e inesquecível Darcy Ribeiro. O Parque é reconhecido como a primeira área indígena oficialmente demarcada no Brasil, medida que replicada foi capaz de criar o cenário – mesmo que fragilizado – para a preservação ambiental da Amazônia e outros biomas brasileiros nos moldes atuais.

O Parque foi o protagonista da mídia durante a semana, em virtude de duas visitas ilustres, ambas recebidas pelo Cacique Raoni Metuktire, a grande expressão dos povos que habitam por lá, reconhecido e premiado internacionalmente. Na quarta-feira (2), a estrelada atriz e ativista Angelina Jolie (@angelinajolie) veio demonstrar seu apoio e conhecer de perto a conexão dos indígenas com a floresta, ouvindo relatos sobre os desafios enfrentados contra o desmatamento, a mineração ilegal e a invasão das terras pelos plantios do agronegócio.
O Presidente e o Cacique

Na sexta-feira(4), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve no mesmo lugar, levou ministros, concedeu a mais alta condecoração da diplomacia brasileira, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, ao Cacique Raoni Metuktire devido a sua atuação e trajetória política em prol da defesa do meio ambiente e dos direitos indígenas. Os dois são amigos, Raoni participou da solenidade da última posse de Lula e subiu a rampa do Palácio do Planalto ao seu lado, porém, antes da amizade, o Cacique defende a natureza e foi direto no ouvido do Presidente: “Estou sabendo que, na Foz do Amazonas, o senhor está pensando no petróleo que tem lá debaixo do mar. Eu penso que não. Porque essas coisas, da forma como estão, garantem que a gente tenha um meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento”. Disse Raoni, com ajuda de um intérprete.
Como se sabe, a Petrobrás realiza pesquisas e quer explorar o petróleo no norte do Brasil, na chamada margem equatorial do rio Amazonas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, continua sendo contra; já políticos da região, principalmente, Amapá, Pará e Maranhão, estados que podem ganhar dividendos com a exploração, pressionam pela liberação e o presidente Lula, saiu de lá com mais certeza que está numa velha sinuca de bico.
Ambas as visitas contam demais. Chamam atenção para os povos indígenas e a Amazônia Legal, que será palco da COP 30, que precisa avançar, especialmente, nos investimentos de combate as mudanças climáticas.
