Igarapé-Açu sem carnaval e as expectativas na Saúde

Atualidades

Por Ícaro Gomes

 

O pré-carnaval ainda seguia pelas ruas em diversas cidades do Brasil, num “esquenta” para os dias oficiais de “Momo” – uma festa popular esticada na “marra” com se fosse um grande feriado e comemorada país à fora. No Rio de Janeiro, o charme e glamour das escolas de samba, na versão 2025, com a “Grande Rio” numa justa homenagem à cultura do Pará – inclusive com investimentos de dinheiro público paraense -, que acabou por arrebatar o vice campeonato. Em Salvador e Recife, parece que o réveillon nunca terminou, dada a “emendada” com a festa do carnaval. No estado do Pará, mais uma vez Vigia de Nazaré e Cametá, dominaram os festejos, mas, com festas populares bem marcantes em Curuçá, Tucuruí, Abaetetuba, Barcarena, Bragança e Óbidos.

Na região nordeste paraense, os municípios também organizaram suas festas de acordo com os orçamentos “apertados” e alguns com ajudas das famosas emendas parlamentares, que nos últimos tempos, têm sido dedicadas aos shows. Entretanto, em Igarapé-Açu, algo inusitado aconteceu – numa cópia de algumas poucas cidades que fizeram o mesmo em outros estados -, quando ás vésperas da Folia, o prefeito recém-empossado Xoro Pardal (UB) anunciou que a Prefeitura não organizaria quaisquer festas de carnaval e que os esforços financeiros neste momento de início de novo mandato serão dedicados aos investimentos na área de saúde, principalmente, na readequação do hospital municipal.

Sem dúvida, algo muito nobre e merecedor de aplausos, caso realmente aconteça. Afinal, justificativas assim não tem tido sucesso em outras cidades que se aventuraram na mistura de orçamentos. Agora é bom ressaltar que o prefeito tem a seu favor a desenvoltura e inteligência do doutor Bruno Nogueira, seguramente um dos melhores nomes no cargo entre os municípios da região e certamente se dedicará ao objetivo com “sangue nos olhos“. Todavia, o prefeito Xoro ao não realizar o carnaval, multiplicou por mil sua constitucional tarefa de melhorar o sistema de saúde na cidade. Claro, toda a população ficará sempre lembrando e cobrando o dinheiro economizado no carnaval, assim que surgirem os problemas cotidianos de saúde, sobrecarregada em todo o país.

 

O livro do saudoso publicitário Duda Mendonça

O prefeito optou por uma jogada de marketing agressiva e que poderá render muitos louros, caso consiga nos próximos meses, melhorar a área de saúde a contento. Se não conseguir, o perdão pode ser demorado, afinal, carnaval é a festa da maioria, segmento superior no sistema democrático que vivemos. Não se sabe se o prefeito é que pensou na iniciativa, ou foi aconselhado por algum assessor de plantão. O que me fez lembrar um caso contado em livro publicado pelo saudoso publicitário Duda Mendonça – talvez o melhor que o Brasil conheceu – em que narra o marketing no período da criação da lei que assegurou a reeleição, já no final da década de 90. Na moda do instituto da reeleição o slogan “Fulano faz, fulano fica” se espalhou no Brasil. No Pará, a versão era “Almir Faz, Almir Fica“, justamente para afirmar que trabalho bem feito, merecia a reeleição. Na maioria dos estados e cidades, o slogan era o mesmo. Duda conta que numa cidade do interior do Brasil, o apelido político do prefeito era “Nem“. E como a moda do slogan de reeleição já estava espalhado, um assessor se adiantou e cedinho da manhã saiu a pintar muros – nesta época candidatos podiam pintar muros – e a cidade ficou cheia das inscrições “NEM faz, NEM fica“. Então, modismo político continua sendo um perigo para os navegantes. O prefeito NEM exonerou o assessor, mandou apagar todas as pinturas no muro e não se contou no livro se perdeu à reeleição, tomara que não!

 

  • O autor é professor, especialista em educação, comunicador social e titular do Blog

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