Belém, a capital do Pará, é uma cidade banhada por rios e rica em história, belezas naturais, gastronomia apurada com cheiros e sabores e cultura viva. No entanto, por trás da fachada de uma cidade em desenvolvimento, existe uma realidade invisível

As “beiradas“, as bordas da cidade contrastam fortemente com a imagem da área maior toda em concreto da metrópole da Amazônia. Nas bordas da cidade, em áreas conhecidas como “beiradas“, vivem comunidades ribeirinhas que foram empurradas para a periferia pela expansão urbana.
Essas comunidades, muitas vezes compostas por pessoas que vivem em casas precárias de madeira, lutam para sobreviver em um ambiente que parece ter sido esquecido pela cidade. A falta de infraestrutura básica, como saneamento, é uma constante na vida desses ribeirinhos.
A cidade de Belém é conhecida por sua rica biodiversidade e sua proximidade com a natureza. No entanto, ironicamente, é uma das capitais menos arborizadas do Brasil, segundo o IBGE divulgou na semana passada. A expansão urbana desenfreada e a falta de planejamento têm contribuído para a perda de áreas verdes e a degradação do meio ambiente.
Nas beiradas, a realidade é bem diferente daquela que se vê nos bairros nobres da cidade. As casas são simples, muitas vezes construídas com materiais reciclados, muitas são palafitas, e a falta de acesso a serviços básicos é uma constante. Além disso, a proximidade com os rios e a falta de saneamento adequado tornam essas áreas propensas a doenças e problemas de saúde.
A invisibilidade dessas comunidades é um problema grave. Muitas vezes, elas são esquecidas pelos governantes e pela sociedade em geral, que parecem não se importar com a situação precária em que vivem. É necessário que se dê mais atenção a essas áreas e que se busquem soluções para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
É urgente que se priorize a arborização e a preservação do meio ambiente em Belém, não apenas para melhorar a qualidade de vida dos habitantes, mas também para preservar a rica biodiversidade da região. Além disso, é fundamental que se invista em infraestrutura básica e serviços de saúde, garantindo condições dignas de vida. O momento que se vive de expectativa pela realização da COP 30 em novembro, que vai discutir exatamente o meio ambiente e as mudanças climáticas, parece que vai deixar um legado bom e é o cenário mais adequado para que problemas assim sejam discutidos.
A cidade de Belém precisa reconhecer e valorizar suas bordas, dando visibilidade às comunidades que vivem nas beiradas e trabalhando para melhorar sua qualidade de vida. Só assim será possível construir uma cidade mais justa e igualitária para todos.
Da Redação
Ícaro Gomes
Imagens: Fotojornalista Sandro Barbosa